Um homem muito sábio e muito importante que se chamava João,
era rei. Ao passear pela beira do rio Tejo, em Lisboa, encontrou um velhote de
barbas brancas, calças rotas e camisola cheia de remendos. Ao ver aquilo, o rei
disse:
-Não tem frio? Precisa de ajuda?
-Precisar, preciso, mas ninguém me ajuda. Mas também não sou
o único. Ali além existe um casebre onde ainda mora uma família. O dono não
ganha dinheiro suficiente para sustentar a sua família. O que ele ganha com os
seus livros de capa mole e de tinta esquisita não chega.
-E conhece mais alguma família com uma pobreza tão grande? -
perguntou o D. João espantado com aquela notícia.
-Não, não conheço.
-Mas obrigado na mesma.
D. João foi ao castelo buscar muitos reais para dar às
pessoas pobres que encontrasse. Quando encontrou o casebre onde morava o homem
que o marinheiro lhe descreveu, perguntou ao homem se podia ver as suas obras
poéticas.
- Posso ver alguns dos seus livros?
-Sim claro. A melhor que eu tenho é esta.
-“Os Lusíadas !“Parece-me interessante.
- E é.
Leu, leu mas o rei não achou muito interessante.
- Não acho os teus livros assim tão interessantes. Mas também
te dou uma quantia em dinheiro para viveres melhor.
-Obrigado, Sua Majestade, estou-lhe muito agradecido.
Todos os meses era assim, o rei dava uma pequena pensão a
todos os pobres.
Passados 16 anos, umas pessoas ricas achavam injustas
aquelas pensão que o rei dava aos pobres. Então, essas pessoas ricas decidiram
matá-lo. Depois de morto, o seu neto com 19 anos assumiu o trono. As pensões aos
pobres continuaram, mas D. Sebastião levava guardas com ele.
Ao entregar a pensão na casa de Camões, viu uma prateleira
cheia de livros, e perguntou-lhe:
-Posso ver alguns dos seus livros?
-Sim, sua Majestade.
E, por coincidência, leu o livro que o pai já tinha lido:
“Os Lusíadas”. D. Sebastião gostou muito
e publicou-o. Foi assim que Camões ficou conhecido e nunca mais precisou da
pensão que o rei dava aos pobres.
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