PÊ de Pai
Um pai é mesmo uma pessoa muito especial.
Um pai é mesmo uma pessoa muito especial.
Capaz de se
dobrar, desdobrar, encolher e esticar… um pai transforma-se, num passe de
mágica, nos objetos mais incríveis.
Ou será que
nunca repararam nos pais transformados que andam por aí?
Pais-cabides,
pais-ambulâncias, pais-aviões, pais-sofás, pais-escadotes, pais-travões…
Basta abrir os
olhos e observar.
Um livro que
olha de perto a relação de cumplicidade entre pai e filho.
E que convida filhos e pais a descobrirem-se juntos ao
virar de cada página.
Pegadas
«Anda mais
devagarinho, Papá,»
Disse uma criança pequenina.
«Estou a seguir as tuas passadas
E não quero cair.
Às vezes os teus
passos são muito rápidos,
Às vezes são difíceis de ver;
Por isso, anda mais devagarinho, Papá,
Porque me estás a guiar.
Um dia, quando eu já
for crescido,
Tu és aquilo que eu quero ser;
Então terei uma criança
Que me vai querer seguir.
E eu vou querer
guiar direitinho,
E saber que estava certo;
Por isso, anda mais devagarinho, Papá
Porque eu tenho que te seguir.»
"Base da
educação é o afeto e o amor sem condições, para que a criança cresça segura.
Sem esse amor, não haverá confiança nem em si nem nos outros nem na realidade,
de tal modo que o que poderá sobrar é a violência da destruição: como amar, se
não se foi amado, como entregar-se confiadamente à construção de si e do mundo,
se a confiança de base não foi assegurada e a realidade apareceu, desde o
início, desfavorável e agressiva?"
Autor - Borges , Anselmo Fonte: Diário de
Notícias / 20070318
Conselhos aos Pais
A pior traição que podemos cometer perante o moço que se aproxima para que lhe digamos a Verdade é ocultar-lhe que para nós essa verdade se encontra tão longínqua e velada como a ele se apresenta. Se lhe damos por certeza o que se mostra duvidoso enganamos a confiança que o levou a dirigir-se-nos; se lhe não fizermos ver todas as fendas dos paços reais arriscamos a sua e a nossa alma a um desastre que nenhum tempo futuro poderá reparar.
Os que julgou mais nobres enganaram-no; era cego, pediu guia e levaram-no ao abismo; nunca mais a sua mão se estenderá aberta e franca a mãos humanas.
Quanto a nós mesmos, que valor tem a causa se para lhe darmos dinamismo a deformamos, a mergulhamos em parte na sombra?
Não é nosso ideal, e por isso lutamos, formar os bandos inconscientes e os prontos cadáveres que às nossas ordens obedeçam; salvar-se-á o mundo pelos espíritos claros, tenazes ante o certo, ante o incerto corajosos; só eles sabem medir no seu justo valor e vencer galhardamente toda a barreira levantada; só eles encontram, como base do ser, a marcha calma e a energia inesgotável. É ilusória toda a reforma do coletivo que se não apoie numa renovação individual; ameaça ruína a todo o movimento que tornarem possível a ignorância e a ilusão. Acima de tudo, coloquemos a franqueza e os abertos corações; das dúvidas que se juntam podem surgir as fórmulas melhores; vem mais lento o triunfo, mas vem mais sólido; a ninguém se arrastou, todos chegaram por seu pé.
Agostinho da Silva, in "Considerações"
Pai, Quero que Saibas
José Luís Peixoto, in "Morreste-me"
É o teu rosto que encontro. Contra nós, cresce a manhã, o dia, cresce uma luz fina. Olho-te nos olhos. Sim, quero que saibas, não te posso esconder, ainda há uma luz fina sobre tudo isto. Tudo se resume a uma luz fina a recordar-me todo o silêncio desse silêncio que calaste, Pai. Quero que saibas, cresce uma luz fina sobre mim que sou sombra, luz fina a recortar-me de mim, ténue, sombra apenas. Não te posso esconder, depois de ti, ainda há tudo isto, toda esta sombra e o silêncio e a luz fina que agora és.
José Luís Peixoto, in "Morreste-me"
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